O IBEBrasil quer garantir acesso à internet a 22 localidade de Campos e São João da Barra que estão em regiões de infoexclusão
O Instituto Bem-Estar Brasil (IBEBrasil), em parceria com a Internet Society Foundation (ISOC Foundation) e apoio da Porto do Açu e da Prefeitura de São João da Barra, deu início ao projeto Ampliação e Expansão das Redes Comunitárias de Internet da Baixada Campista e Sertão Sanjoanense.
O objetivo é levar acesso significativo de internet às localidades de Barra do Açu, Marrecas e Quixaba, beneficiando até 500 famílias. Numa etapa posterior, a meta é chegar a 22 localidades de Campos dos Goytacazes e São João da Barra onde o serviço de internet é precário ou inexistente, possibilitando a inclusão digital de aproximadamente 15 mil famílias.
A primeira fase do projeto é a realização de um curso de formação sobre redes comunitárias – o que são, como funcionam e que benefícios elas trarão às comunidades dos territórios envolvidos. A reunião de abertura aconteceu no último sábado (28/10), na Escola Municipal Chrisanto Henrique de Souza, na Barra do Açu, com a participação de mais de 20 pessoas com representatividade de seis comunidades do território. Estão previstos mais três encontros de capacitação.
Antes de o período da pandemia, com a iniciativa do IBEBrasil, ocorreu a primeira fase do projeto que focou na capacitação e na modernização das redes comunitárias locais. A ação teve o apoio do Projeto de Cidades Digitais do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da ITEP da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). As duas instituições continuam como apoiadoras nesta nova fase do projeto.
Projeto tem início na Barra do Açu
A Barra do Açu foi escolhida porque será a primeira localidade beneficiada pelo programa, com a criação da rede AMA Digital. Na Baixada Campista, uma rede comunitária já funciona na localidade de Marrecas desde 2010. A intenção é ampliá-la, possibilitando que mais famílias sejam beneficiadas.
– O projeto de redes comunitárias é muito importante para nós – afirma a diretora presidente da Associação de Moradores e Amigos do Açu (AMA), Ana Beatriz Mota. Segundo ela, a localidade precisa de sinal de internet em boa velocidade que realmente atenda a todos os usuários. “É isso que nós buscamos, e é isso que nós queremos levar para nossa comunidade, principalmente para as pessoas em estado de vulnerabilidade social”.
Parceria com a Porto do Açu
A coordenadora de Relacionamento com Comunidade do Porto do Açu, Lucíola Marçal, enfatizou que o foco da empresa é a valorização do desenvolvimento local, a partir da definição pela comunidade de quais são as suas prioridades. – A rede comunitária agora é uma prioridade para que a gente oportunize e acolha esse projeto, que tem exatamente este propósito, que é trazer inclusão digital, trazer acesso a todos e corroborar com o desenvolvimento da comunidade do Açu e de todas que estão em seu entorno.
No Sertão Sanjoanense, o projeto tem apoio do município de São João da Barra. Em encontro recente entre a prefeita Carla Caputi e representantes da Associação de Moradores e Amigos do Açu, foi aberta a possibilidade de expansão do projeto no município.
O que são redes comunitárias
As redes comunitárias permitem que as pessoas de uma localidade, como vizinhos ou membros de associações locais, montem seu próprio provedor de internet como um bem comum. Isso acontece frequentemente onde as empresas comerciais de internet não atendem, têm preços inacessíveis ou não oferecem um serviço de qualidade.
Com o uso de equipamentos mais baratos e a colaboração e gestão da própria comunidade, essas redes proporcionam acesso à internet de boa qualidade e baixo custo, seguindo um modelo sem fins lucrativos. Essa iniciativa é crucial para tornar o acesso significativo à internet um direito universal, assegurando que todos possam se conectar e aproveitar os benefícios da era digital.
Capacitação e empoderamento local
A estratégia inclui melhorias em infraestrutura, capacitação, empoderamento das comunidades e estudos etnográficos para compreender a relação das comunidades com as tecnologias digitais. O projeto é dividido em fases de pré-instalação, instalação e pós-instalação, abrangendo desde a aquisição de equipamentos até o monitoramento e avaliação contínuos da rede.
– Dentro de um processo em que as tomadas de decisão são coletivas, a rede sempre busca o desenvolvimento e o empoderamento da comunidade – observa Marcelo Saldanha, presidente do IBEBrasil, entidade sem fins econômicos que desde 2008 se dedica a universalizar o acesso à internet como um direito fundamental do cidadão.
Em funcionamento, a rede comunitária garante acesso à internet de qualidade e de forma sustentável, possibilitando uma série de melhorias. Entre elas, o desenvolvimento socioeconômico local, educação à distância, e-commerce, acesso e produção de informações relevantes para a comunidade, serviços de saúde e governo eletrônico, assim como a abertura de novos canais de diálogo com o poder público.
– Este projeto não é apenas sobre a tecnologia; é sobre empoderamento. Cada pessoa envolvida desempenha um papel crucial na construção de um futuro mais inclusivo e conectado. A participação ativa da comunidade em todo o processo, desde a pré-instalação até a gestão contínua, garante que as soluções atendam às suas reais necessidades e aspirações – ressaltou Marcelo Saldanha.