Levar internet de boa velocidade a famílias da zona rural de Campos dos Goytacazes-RJ e São João da Barra-RJ onde o acesso é precário ou inexistente. Este é o principal objetivo do Projeto Ampliação e Expansão das Redes Comunitárias de Internet da Baixada Campista e Sertão Sanjoanense.
Iniciado no mês de outubro de 2023, o trabalho é fruto de uma parceria entre o Instituto Bem-Estar Brasil (IBEBrasil) e a Internet Society Foundation (ISOC Foundation), com apoio da Porto do Açu, Prefeitura de São João da Barra, Instituto Federal Fluminense (IFF) e ITEP/Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).
As redes comunitárias de internet são estruturas formadas e geridas pela própria comunidade, com a finalidade de proporcionar conexão de boa qualidade e a baixo custo aos moradores, seguindo um modelo sem fins lucrativos.
Elas são cada vez mais numerosas no Brasil, beneficiando principalmente pessoas que não podem pagar por um pacote comercial e comunidades onde as grandes operadoras de telecomunicações não chegam por falta de interesse ou viabilidade financeira.
Segundo o presidente do IBEBrasil, Marcelo Saldanha, a primeira etapa do projeto prevê a implantação das redes comunitárias da Barra do Açu e Quixaba, no Sertão Sanjoanense, além da expansão da rede de Marrecas, na Baixada Campista – a primeira a entrar em operação no Brasil, em 2010. Serão beneficiadas cerca de 500 famílias. Numa etapa posterior, a meta é chegar a 22 localidades dos dois municípios, possibilitando a inclusão digital de aproximadamente 15 mil famílias.
Os equipamentos necessários (antenas, cabos, modems, etc.) foram adquiridos com financiamento da ISOC Foundation. Antes da montagem da infraestrutura, os coordenadores do projeto promoveram oficinas de capacitação com moradores locais – serão eles próprios os responsáveis pela instalação e manutenção das redes.
Oficinas de capacitação
O encerramento das oficinas de capacitação ocorreu em dezembro do ano passado, com um encontro no Centro de Visitantes do Porto do Açu. A proposta do parceiros e apoiadores é que o projeto possa garantir acesso significativos aos moradores das regiões envolvidas com o projeto.
– A gente está aqui hoje celebrando ainda mais o desenvolvimento social e econômico dessas comunidades, que já perceberam o grande potencial em se unir e entender a potência que é trabalhar em rede comunitária – disse a coordenadora de Relacionamento com Comunidade do Porto do Açu, Lucíola Marçal.
A primeira rede comunitária do projeto será implantada na Barra do Açu, onde ocorreram as primeiras oficinas de capacitação. “
– A primeira etapa foi vencida, agora nós partimos para a prática. Partimos para as reuniões com os técnicos, o georreferenciamento dos usuários e instalação de equipamentos para que esses usuários possam ter um acesso significativo de internet. Ainda temos uma maratona pela frente, mas nós conseguimos e vamos muito além – comemorou a presidente da Associação dos Moradores do Açu (AMA), Ana Beatriz Mota.
Para a secretária de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de São João da Barra, Gleide de Azevedo Gomes, as redes comunitárias são um projeto transformador, que abre oportunidades através da inclusão digital e do empoderamento da coletividade. “Isso vai ao encontro do que o governo Carla Caputi propõe: criar oportunidades para que nossa gente possa transformar vidas”.
Benefícios das inclusão digital
Marcelo Saldanha observa que o acesso à internet já é considerado um direito humano fundamental pela Organização das Nações Unidas (ONU), atendendo a alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde 2008 o Instituto Bem-Estar Brasil se dedica a promover a universalização do acesso, desenvolvendo e disseminando programas e projetos inovadores e autossustentáveis na área de tecnologia da informação e comunicação.
– As redes comunitárias vão muito além do acesso à internet. Elas trazem uma série de benefícios a quem vivia excluído digitalmente. Entre eles, o acesso a serviços online, educação a distância, marcação de consultas, transações bancárias, governo online, acesso a informação, e-commerce, fortalecimento de negócios locais e empoderamento da comunidade – destaca o presidente do IBEBrasil.
Saldanha cita uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), segundo a qual, para cada 1% a mais de pessoas incluídas digitalmente, o PIB aumenta em média 0,19%. “Estamos falando em transformar vidas, promovendo um desenvolvimento socioeconômico que seja para todos”, ressaltou.